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Mauro Di Verde
Mauro dos Santos Verde, conhecido artisticamente como Mauro Di Verde, nasceu no dia 9 de novembro de 1956, no Rio de Janeiro. Filho de Umberto Verde, baiano de origem, e Maria Delores dos Santos, trabalhadora rural do Espírito Santo, Mauro chegou ainda bebê à Bahia, quando seus pais decidiram retornar e se estabelecer em Salvador. A jovem família se instalou no antigo bairro do Maciel, no Pelourinho — um lugar que mais tarde viria a marcar profundamente a vida e a obra do artista.
Durante a infância, Mauro cresceu em um ambiente rico em cultura e história. Seu pai trabalhava como tipógrafo e compositor gráfico em uma empresa de publicidade, enquanto sua mãe, costureira, desenhava moldes de roupas em casa. Ele recorda que o Pelourinho e o Maciel abrigavam muitos ofícios tradicionais, como alfaiates e sapateiros, e que antigos moradores da região — muitos deles ex-escravizados — viviam na Rua Gregório de Mattos, onde hoje está a Praça das Artes.
A vida nas ruas do Pelourinho nos anos 60 era vibrante e cheia de movimento. Mauro se lembra com carinho dos mascates vendendo água, frutas, verduras e doces típicos como taboca e bolo de carimã. Essa atmosfera viva e popular inspiraria, anos depois, muitos dos temas presentes em sua pintura.
Mauro estudou o ensino primário na Escola Azevedo Fernandez, no Largo do Pelourinho, e cursou o ensino secundário no Colégio Nossa Senhora da Nazaré. Desde cedo, demonstrou talento para o desenho e a pintura, muitas vezes inspirado por histórias em quadrinhos. Incentivado por professores, chegou a ganhar um dicionário como prêmio por uma de suas obras escolares. Apesar disso, deixou os estudos antes de concluir o ensino médio e passou cerca de seis anos viajando pelo Brasil. Nesse período, trabalhou como garçom e auxiliar de cozinha, especialmente no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Ao retornar a Salvador, Mauro passou a trabalhar nas ruas, vendendo charutos, cigarros e cafezinho em um pequeno caminhão de madeira feito à mão. Ao mesmo tempo, continuava desenhando e colando suas ilustrações em placas de madeira, muitas das quais oferecia como presentes a amigos.
Em 1981, começou a pintar com o objetivo de vender suas obras. Levou seus primeiros trabalhos ao artista Berto Anatar, da cidade de Cachoeira, que havia aberto uma galeria na Rua Alfredo Brito, no Pelourinho. Inspirado pela obra de Di Cavalcanti e buscando uma assinatura artística única, Mauro adotou o nome Mauro di Verde. Na galeria de Berto Anatar, passou a expor ao lado de outros artistas renomados da cena baiana, como Luiz Lorence e Evaldo Assis, este último conhecido por sua pintura impressionista.
A trajetória de Mauro di Verde é marcada pela fusão entre vivências populares, identidade cultural e expressão artística. Seu trabalho continua enraizado nas memórias visuais e sociais do Pelourinho, transformando experiências cotidianas em arte carregada de cor, emoção e história.